
Nas ruas de Porto Príncipe, em meio a corpos que se decompõem a céu aberto, clima é de medo
Porto Príncipe. Fontes do governo do Haiti disseram que cerca de 6.000 presos fugiram das penitenciárias do país, que ficaram parcialmente destruídas e sem vigilância após o terremoto de magnitude 7 da última terça-feira. O tremor devastou o país e provocou milhares de mortes, principalmente na capital, Porto Príncipe, onde o clima é de muito medo.
As autoridades locais agora temem uma possível onda de revolta e violência entre os sobreviventes. A insegurança é uma das grandes preocupações das equipes de ajuda humanitária internacional e dos habitantes de Porto Príncipe, que são vítimas constantes de roubos e saques - muitos dos quais, contudo, são realizados por cidadãos desesperados por remédios, água e comida.
Muitos abordam jornalistas, militares e voluntários nas ruas pedindo dinheiro. Corpos se decompõem a céu aberto e o cheiro começa a fica insuportável.
Destruição
Na última sexta-feira, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) afirmou que 70% dos edifícios de Porto Príncipe foram danificados pelo terremoto e que a principal prisão da capital ficou completamente destruída. A organização disse ter constatado a fuga de pelo menos 4.000 detentos - alguns deles muito perigosos.
Segundo comunicado divulgado pela organização, cerca de 15 áreas de Porto Príncipe foram bastante afetadas pelo terremoto de terça e suas réplicas - pequenos tremores que ocorrem comumente depois de um grande abalo sísmico.
Também na sexta, o ministro da Saúde haitiano declarou que três quartos da capital haitiana terão que ser completamente reconstruídos em razão dos danos provocados pelo terremoto.
Ainda não há um número preciso sobre o número de mortos pelo tremor, cujo epicentro foi registrado a apenas 15 km de Porto Príncipe. A Organização Pan-americana de Saúde, ligada à ONU (Organização das Nações Unidas), estima que o número de mortos gire em torno de 100 mil. Já a Cruz Vermelha calcula que o número de mortos gire entre 45 mil e 50 mil. Ontem, o governo do Haiti anunciou que 140 mil pessoas podem ter morrido na tragédia.
Mortes
100 mil pessoas é quanto acredita-se que seja o número de vítimas do terremoto que atingiu o Haiti na última terça-feira. Para o governo do país, os mortos podem ultrapassar 140.000.
APOIO
Ceará enviará comissão para missão humanitária
O Estado do Ceará vai mandar uma missão humanitária da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) para ajudar no Haiti. Cirurgiões, especialistas em endemias, sanitaristas e profissionais de urgência e emergência vão ao país para ajudar no resgate das vítimas do terremoto. A decisão foi anunciada, ontem, pelo governador Cid Gomes, sensibilizado com as dificuldades que o país está enfrentando.
De acordo com o secretário executivo da Sesa, Arruda Bastos, desde que aconteceu a tragédia, tem-se conversado com técnicos do órgão no intuito de formar essa comissão. Isso porque, além do caráter humanitário, os profissionais cearenses têm muita experiência com endemias e podem dar uma contribuição efetiva para agilizar os trabalhos no local.
Até agora, conforme Bastos, não foi fechado um número exato de voluntários a serem enviados ao país. A intenção é que pelo menos 20 pessoas participem desse grupo, cuja primeira reunião acontece, amanhã, às 9 horas, na sede da Sesa. A ideia é já dar início ao processo de formatação da equipe. Até a próxima quinta-feira, o grupo já estará definido e pronto para partir na missão.
Da mesma maneira que ainda não existe data certa para a viagem, não se sabe ainda por que período a missão ficará no Haiti. O tempo vai ser definido de acordo com a necessidade que a equipe encontrar no local. A Sesa tem recebido várias ligações de pessoas se oferecendo para ajudar.
ONDA DE VIOLÊNCIA
Mulheres têm sido as principais vítimas
Quase uma semana após o terremoto que destruiu a capital haitiana, a sede e a fome empurraram a população para a violência. Os dias têm sido marcados por inúmeros saques a mercados ou a qualquer lugar onde se possa encontrar água potável ou comida. Em meio a um cenário desolador, que remete a uma situação de guerra, a população continua nas ruas, pedindo por socorro a qualquer um.
A insegurança é total. No centro da cidade a população se enfrenta para buscar comida soterrada pelos escombros de supermercados que ruíram. Gangues começaram a atacar pessoas - especialmente mulheres - que estavam nos acampamentos formados em vários pontos descampados e praças da cidade de Porto Príncipe.
Houve ação militar para segurança na região portuária, no centro e em Bel-Air, bairro mais destruído pelo terremoto, mas não foi suficiente para conter os saques. Um armazém do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU) também foi vítima.
O item mais cobiçado é a água. As poucas fontes existentes estão contaminadas e as autoridades sanitárias temem um surto de diarreia, o que agravaria ainda mais a situação. Alimentos também são escassos e disputados com violência pelos sobreviventes famintos. Em toda parte, muitos corpos ainda estão nas ruas, e o trabalho de remoção dos escombros ainda não começou a ser feito. Com o passar das horas, o estado de putrefação avança e o mal cheiro aumenta, misturado com a poeira no ar.
SOLIDARIEDADE
Ajuda ao país vai aumentar mais nos próximos dias
A participação do Brasil no atendimento às vítimas do terremoto que devastou o Haiti e na sua reconstrução deverá aumentar, acredita o ministro em exercício da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Rogério Sottili. "Outros órgãos do governo, além dos militares, e organizações não governamentais têm papel fundamental na ajuda àquele país", disse.
Ele integrou a comitiva brasileira, chefiada pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, que esteve em Porto Príncipe, capital haitiana, na semana passada. Sottili retornou na sexta-feira do Haiti, onde esteve por dois dias, chocado com o desamparo das vítimas. "É o caos", resumiu. "Vimos pessoas à deriva na rua com mala e sacos na cabeça, como se caminhar fosse levar a algum lugar".
Para Sottilli, a tragédia provocada pelo terremoto acentua ausência do Estado e a falta de assistência à população. "O Poder Público, ausente, não consegue dar conta do problema que o povo vive", afirmou.
Ele avalia que a força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) terá de mudar de atuação. "A missão da ONU era uma missão de paz. Agora é uma missão de guerra", ressaltou. O ministro relatou que a ajuda humanitária está chegando do mundo todo.
As autoridades locais agora temem uma possível onda de revolta e violência entre os sobreviventes. A insegurança é uma das grandes preocupações das equipes de ajuda humanitária internacional e dos habitantes de Porto Príncipe, que são vítimas constantes de roubos e saques - muitos dos quais, contudo, são realizados por cidadãos desesperados por remédios, água e comida.
Muitos abordam jornalistas, militares e voluntários nas ruas pedindo dinheiro. Corpos se decompõem a céu aberto e o cheiro começa a fica insuportável.
Destruição
Na última sexta-feira, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) afirmou que 70% dos edifícios de Porto Príncipe foram danificados pelo terremoto e que a principal prisão da capital ficou completamente destruída. A organização disse ter constatado a fuga de pelo menos 4.000 detentos - alguns deles muito perigosos.
Segundo comunicado divulgado pela organização, cerca de 15 áreas de Porto Príncipe foram bastante afetadas pelo terremoto de terça e suas réplicas - pequenos tremores que ocorrem comumente depois de um grande abalo sísmico.
Também na sexta, o ministro da Saúde haitiano declarou que três quartos da capital haitiana terão que ser completamente reconstruídos em razão dos danos provocados pelo terremoto.
Ainda não há um número preciso sobre o número de mortos pelo tremor, cujo epicentro foi registrado a apenas 15 km de Porto Príncipe. A Organização Pan-americana de Saúde, ligada à ONU (Organização das Nações Unidas), estima que o número de mortos gire em torno de 100 mil. Já a Cruz Vermelha calcula que o número de mortos gire entre 45 mil e 50 mil. Ontem, o governo do Haiti anunciou que 140 mil pessoas podem ter morrido na tragédia.
Mortes
100 mil pessoas é quanto acredita-se que seja o número de vítimas do terremoto que atingiu o Haiti na última terça-feira. Para o governo do país, os mortos podem ultrapassar 140.000.
APOIO
Ceará enviará comissão para missão humanitária
O Estado do Ceará vai mandar uma missão humanitária da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) para ajudar no Haiti. Cirurgiões, especialistas em endemias, sanitaristas e profissionais de urgência e emergência vão ao país para ajudar no resgate das vítimas do terremoto. A decisão foi anunciada, ontem, pelo governador Cid Gomes, sensibilizado com as dificuldades que o país está enfrentando.
De acordo com o secretário executivo da Sesa, Arruda Bastos, desde que aconteceu a tragédia, tem-se conversado com técnicos do órgão no intuito de formar essa comissão. Isso porque, além do caráter humanitário, os profissionais cearenses têm muita experiência com endemias e podem dar uma contribuição efetiva para agilizar os trabalhos no local.
Até agora, conforme Bastos, não foi fechado um número exato de voluntários a serem enviados ao país. A intenção é que pelo menos 20 pessoas participem desse grupo, cuja primeira reunião acontece, amanhã, às 9 horas, na sede da Sesa. A ideia é já dar início ao processo de formatação da equipe. Até a próxima quinta-feira, o grupo já estará definido e pronto para partir na missão.
Da mesma maneira que ainda não existe data certa para a viagem, não se sabe ainda por que período a missão ficará no Haiti. O tempo vai ser definido de acordo com a necessidade que a equipe encontrar no local. A Sesa tem recebido várias ligações de pessoas se oferecendo para ajudar.
ONDA DE VIOLÊNCIA
Mulheres têm sido as principais vítimas
Quase uma semana após o terremoto que destruiu a capital haitiana, a sede e a fome empurraram a população para a violência. Os dias têm sido marcados por inúmeros saques a mercados ou a qualquer lugar onde se possa encontrar água potável ou comida. Em meio a um cenário desolador, que remete a uma situação de guerra, a população continua nas ruas, pedindo por socorro a qualquer um.
A insegurança é total. No centro da cidade a população se enfrenta para buscar comida soterrada pelos escombros de supermercados que ruíram. Gangues começaram a atacar pessoas - especialmente mulheres - que estavam nos acampamentos formados em vários pontos descampados e praças da cidade de Porto Príncipe.
Houve ação militar para segurança na região portuária, no centro e em Bel-Air, bairro mais destruído pelo terremoto, mas não foi suficiente para conter os saques. Um armazém do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU) também foi vítima.
O item mais cobiçado é a água. As poucas fontes existentes estão contaminadas e as autoridades sanitárias temem um surto de diarreia, o que agravaria ainda mais a situação. Alimentos também são escassos e disputados com violência pelos sobreviventes famintos. Em toda parte, muitos corpos ainda estão nas ruas, e o trabalho de remoção dos escombros ainda não começou a ser feito. Com o passar das horas, o estado de putrefação avança e o mal cheiro aumenta, misturado com a poeira no ar.
SOLIDARIEDADE
Ajuda ao país vai aumentar mais nos próximos dias
A participação do Brasil no atendimento às vítimas do terremoto que devastou o Haiti e na sua reconstrução deverá aumentar, acredita o ministro em exercício da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Rogério Sottili. "Outros órgãos do governo, além dos militares, e organizações não governamentais têm papel fundamental na ajuda àquele país", disse.
Ele integrou a comitiva brasileira, chefiada pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, que esteve em Porto Príncipe, capital haitiana, na semana passada. Sottili retornou na sexta-feira do Haiti, onde esteve por dois dias, chocado com o desamparo das vítimas. "É o caos", resumiu. "Vimos pessoas à deriva na rua com mala e sacos na cabeça, como se caminhar fosse levar a algum lugar".
Para Sottilli, a tragédia provocada pelo terremoto acentua ausência do Estado e a falta de assistência à população. "O Poder Público, ausente, não consegue dar conta do problema que o povo vive", afirmou.
Ele avalia que a força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) terá de mudar de atuação. "A missão da ONU era uma missão de paz. Agora é uma missão de guerra", ressaltou. O ministro relatou que a ajuda humanitária está chegando do mundo todo.
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