De acordo com empresários do setor, a quantidade entregue pelos fornecedores é insuficiente
Em pleno período de alta temporada turística, pode faltar caranguejo para o consumo por parte da clientela nas barracas da Praia do Futuro. O motivo é o pouco estoque do crustáceo entre os empresários para atender a grande demanda.
Por outro lado, os barraqueiros não têm como aumentar a quantidade armazenada do crustáceo por conta da vigência do defeso do caranguejo, que foi iniciado ontem e se estenderá até o mês de abril próximo, sendo dividido em seis períodos de seis dias cada.
A presidente da Associação dos Empresários da Praia do Futuro (AEPF), Fátima Queiroz, explica que, no último dia para formar estoque, a quantidade de caranguejo entregue pelos fornecedores ficou muito aquém do esperado e surpreendeu negativamente os donos de barraca de praia.
"Com a vigência do defeso, não podemos repor os estoques. Então, deve faltar caranguejo esta semana nas barracas e durante todo o período do defeso, até abril, caso a quantidade fornecida entre os intervalos do defeso não seja acrescida", avalia Fátima Queiroz.
Na alta temporada, são consumidos cerca de 320 mil caranguejos por mês na Praia do Futuro, e a metade desse total nos períodos de baixa estação. O preço da unidade varia de R$ 2,00 até R$ 3,80.
Transporte
Os empresários da Praia do Futuro se mostram favoráveis ao defeso, numa forma de preservar o caranguejo da extinção. Contudo, consideram que mais importante é a melhoria das condições de transporte do crustáceo dos locais de captura até os pontos de venda.
Fátima Queiroz relata que praticamente todo o caranguejo que é consumido no Ceará é proveniente no estado vizinho do Piauí. O crustáceo é comercializado em "cordas"com 40 caranguejos cada. Mas, desse total, apenas 25 são aproveitados para venda aos consumidores nas barracas. Quinze deles já chegam mortos e impróprios para o consumo por conta da rapidez do apodrecimento.
"A mortalidade do caranguejo é ameaçadora", avalia a empresária, que defende uma legislação rígida sobre o transporte e o armazenamento do crustáceo do seus pontos de captura aos locais de venda, aliada à preservação da espécie com o defeso. "Assim, todos ganham", diz.
A proibição de captura, transporte, beneficiamento, industrialização e comercialização de caranguejo nos "dias de andada" do crustáceo é uma determinação conjunta dos ministérios da Pesca e Agricultura e do Meio Ambiente e vem sendo aplicada a cada início de ano.
O chefe da fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rolfran Cacho, esclarece que a "andada" corresponde ao período reprodutivo em que os caranguejos machos e fêmeas saem de suas galerias (tocas) e andam pelo manguezal para acasalamento e liberação de ovos.
Efetivo
Desde ontem, o instituto está com cinco equipes atuando em todo o Estado do Ceará, realizando um trabalho de fiscalização e informação sobre o defeso do caranguejo. O primeiro período perdura até o próximo dia 21. Os comerciantes já entregaram suas declarações de estoque. Foram 50 somente em Fortaleza. A multa pelo desrespeito ao defeso varia de R$ 700,00 a R$ 100 mil, sendo levado em conta, sobretudo, o porto do estabelecimento.
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