16 de janeiro de 2015

Salário mínimo sobe e já reflete em alta de preços

O aumento do salário mínimo acima da inflação não significa necessariamente mais dinheiro no bolso dos brasileiros. Como o reajuste impacta nos preços dos mais variados produtos, os ganhos reais dos trabalhadores acabam sendo corroídos. Quem gasta boa parte do que recebe com alimentação, item de grande impacto no orçamento familiar, deve ficar mais atento aos valores.
Em supermercados de Fortaleza, já é possível observar consumidores reclamando dos preços de determinadas mercadorias. O consultor de empresas Rildo Silva ficou surpreso quando viu o valor da barra de cereal que sempre leva para casa.
Image-0-Artigo-1779236-1"Antes, comprava por R$ 2,89. Agora, está a R$ 3,42. É um aumento de quase 20%. Vou ter que substituir por uma marca mais barata, isso sem falar em outros itens", afirma.
Antes do tempo
Rildo conta que, no estabelecimento onde costuma fazer compras, diversos produtos ficaram mais caros antes mesmo de o governo federal anunciar o reajuste de 8,84%, no Salário Mínimo, que passou de R$724 para R$ 788. O decreto foi publicado pela presidente Dilma Rousseff, no Diário Oficial da União, do dia 30 de dezembro.
"Costumo pesquisar, no próprio supermercado, as marcas que estão mais em conta. Também faço substituições de mercadorias, quando necessário, e reduzo a quantidade de itens", acrescenta o consumidor.
Impactos
De acordo com o diretor executivo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Alex Araújo, o aumento reflete em todos os setores da economia, mas o impacto é maior naqueles que trabalham com prestação de serviços.
"É um setor que tem alimentado a inflação nos últimos meses. As empresas ligadas aos serviços utilizam muita mão de obra. Como o salário dos trabalhadores devem ser reajustados a partir deste mês, os empresários tendem a aumentar os preços dos produtos de imediato. Por isso, os consumidores estão começando a sentir a mudança", analisa o economista.
A partir deste cenário, Alex destaca que a alimentação fora de casa deverá sofrer novos reajustes. De janeiro a novembro do ano passado, comer fora de casa ficou 10,01%, mais caro em Fortaleza, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O índice foi o segundo maior do Brasil, perdendo apenas para Curitiba (11,51%) e acima da média nacional para o período, que foi de 8,37%.
Influência do dólar
Além dos impactos gerados pelo novo Salário Mínimo, Alex explica que a valorização do dólar continuará influenciando os preços de alguns itens nas gôndolas dos supermercados.
No Brasil, lembra o economista, a indústria alimentícia utiliza muita matéria prima importada para fabricar os produtos vendidos nas gôndolas dos mercantis, a exemplo do trigo. "Temos uma cadeia muito grande que depende do trigo no País, seja processado ou não. Esse conjunto de fatores vai exigir mais atenção do consumidor na hora de comprar. Pesquisar os preços é fundamental para isso. Mas, como as pessoas têm cada vez menos tempo para fazer isso, a alternativa é substituir mercadorias", orienta Alex Araújo, sobre como agir na hora da compra.
Apesar dos reflexos do reajuste nos preços de produtos e serviços, o diretor executivo da Fecomércio-CE acredita que o mercado de trabalho permanecerá estável no Brasil, com a geração de emprego e renda.

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