15 de setembro de 2014

O que faz uma escola se destaca

Escolas das redes estadual e municipal com maiores índices da Capital comungam de métodos semelhantes para alcançar a nota, mas têm especificidades que levaram ao mérito
Professores, pais e alunos. Juntos, e sob o olhar da coordenação pedagógica, eles alçaram a Escola Municipal Gabriel Cavalcante ao posto de melhor desempenho no 9º ano do ensino fundamental na Capital, de acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Lá, a nota apresentou um crescimento de 88% em relação a 2009, quando recebeu a última medição do Ministério da Educação (MEC). A receita, comenta Gláucia de Lucena, diretora da escola, foi sensibilizar a comunidade escolar sobre a importância do engajamento em prol do aprendizado. 
Tanto na rede estadual quanto na rede municipal, Fortaleza tem escolas com indicadores que não passam de 2,0 no Ideb. A avaliação mede o desempenho dos alunos do ensino básico. Via de regra, as que têm as mais altas colocações no ranking da Capital, não têm desempenho considerado satisfatório, mas apresentam avanços que animam educadores e gestores. Este ano, muitas superaram, inclusive, as metas projetadas pelo Ministério para 2021.
Na avaliação feita em 2013 e divulgada no último dia 5, a escola Gabriel Cavalcante, no bairro Presidente Kennedy, recebeu a nota 4,7, numa escala que vai de 0 a 10. Apesar de ser modesto, o número foi comemorado. “O nosso maior prêmio foi mostrar que a escola tem condições de ensinar os alunos, e que eles têm condição de conseguir qualquer coisa, desde que sejam motivados e que tenham um propósito para isso”.
Depois de constatado o “problema de aprendizagem” dos alunos da escola, foi iniciado um trabalho intensivo, visando melhorar os índices. “Foi um conjunto de ações: simulados, reuniões com pais, com professores. Quisemos mostrar que todo mundo era corresponsável pelo resultado. Deu certo”, afirma Gláucia.
Orgulho
No Colégio da Polícia Militar General Edgard Facó (CPMGEF), os índices dão orgulho aos gestores: 7,7 no 5º ano e 7,0 no 9º ano. Hoje melhor escola estadual do Ceará, a escola se dividiu na liderança e no segundo lugar desde que o índice começou a ser feito, em 2005. Por lá, a disciplina e o reconhecimento pelo desempenho dos estudantes são apontados como os fatores do sucesso do colégio nas medições. Um grande trunfo, ressalta o coronel Coraci Ponte, diretor comandante do colégio da PM, é a multidisciplinaridade oferecida ao aluno. “Temos 23 projetos (extra-sala) que motivam e estimulam o estudante a vir para a aula, gostar do colégio e estudar”, considera. Entre as ações, há atividades de esportes e música. Essa é uma maneira, segundo ele, de engajar inclusive os alunos que têm desempenho inferior.O Colégio Militar do Corpo de Bombeiros do Ceará (CMCB) tem desempenho semelhante ao CPMGEF no Ideb dos últimos anos. Em 2013, a nota da instituição foi 7,2 e 6,1 no 5º e no 9º anos, respectivamente. O diretor comandante, coronel Ronald Bezerra Aguiar, frisa o processo seletivo ao qual os estudantes são submetidos como fator que eleva o nível dos estudantes.

Com a nota 6,5, a Escola Rosa Amaro Cavalcante, no Manuel Sátiro, é a que tem a maior nota da rede municipal de Fortaleza no 5º ano, com 6,5. Para a diretora, Patrícia Lima, muito do desempenho positivo da escola se deve aos projetos de leitura e escrita desenvolvidos. A instituição, que deixou de ter o 5º ano em 2014, agora se concentra em manter a qualidade para que as crianças mantenham o índice em outros colégios. “Apesar de (a escola pública) ser vista com desrespeito, queremos que a população possa acreditar que a geração de novos profissionais está aqui. É possível, sim”, completa Adriana Alves, professora do 4º ano.
Números
 88% foi o crescimento da Escola Municipal Gabriel Cavalcante de 2009 para 2013
7,7 é a nota do Colégio da Polícia Militar do Ceará no 5º ano
 Saiba mais
O Ideb é um indicador de qualidade educacional realizado pelo MEC a cada dois anos. Ele conta com dois tipos de dados: o desempenho através de exames padronizados obtido pelos estudantes ao final das etapas de ensino (5º e 9º anos do ensino fundamental e 3ª série do ensino médio) e informações sobre rendimento escolar.
De acordo com o Ministério, a validade do Ideb se dá por permitir “o monitoramento do sistema de ensino do País”. Com ele, seria possível detectar a performance em termos de rendimento e proficiência de escolas e/ou redes de ensino e monitorar a evolução temporal do desempenho dos alunos.

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