6 de agosto de 2014

APÓS QUASE UM MÊS Trégua cala as armas em Gaza

Cessar-fogo obtido com a mediação do Egito e dos Estados Unidos entrou em vigor, inicialmente por 72h

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Gaza. As armas se calaram ontem após quase um mês de guerra na Faixa de Gaza, em favor de um cessar-fogo acertado entre o governo de Israel e o Hamas e de uma retirada total das tropas terrestres israelenses.
O cessar-fogo obtido com a mediação do Egito e dos Estados Unidos entrou em vigor às 08h (02h no horário de Brasília), inicialmente por 72 horas. Discussões já estão encaminhadas para uma paz duradoura entre as partes em conflito.
Na noite de ontem, a Faixa de Gaza estava em calma pela primeira vez depois de 29 dias de uma ofensiva devastadora que matou 1.875 palestinos, de acordo com o Ministério palestino da Saúde, entre eles 430 crianças e adolescentes e 243 mulheres, assim como 64 soldados israelenses e três civis em Israel. A guerra na Faixa de Gaza provocou danos calculados entre quatro bilhões e seis bilhões de dólares, segundo o vice-ministro palestino da Economia, Taysir Amro, que também anunciou uma reunião de países doadores na Noruega em setembro.
Amro explicou que o valor não leva em consideração os "danos diretos que afetam a economia de Gaza".
Prisão de suspeitos
Autoridades de Israel disseram ontem terem prendido um palestino suspeito de estar envolvido no sequestro e assassinato de três adolescentes israelenses em junho. Hussam Kawasme, morador de 40 anos da cidade de Hebron, na Cisjordânia, foi detido em 11 de julho em conexão com o assassinato de Gil-Ad Shaer, Naftali Fraenkel e Eyal Yifrah, que desapareceram em 12 de junho e foram encontrados mortos algumas semanas depois.
Grupos cantam vitória
A saída das forças militares israelenses da Faixa de Gaza fez com que o Hamas e a Jihad Islâmica cantassem vitória.
"A vitória militar vai levar o fim do cerco a Gaza", afirmou o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, durante seu discurso de vitória.
Unicef lamenta morte de crianças
Genebra. Mais de 400 crianças morreram nos ataques de Israel em Gaza, e muitas delas estão traumatizadas e encaram um futuro "extraordinariamente sombrio", disse a principal autoridade do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em Gaza ontem.
Pernille Ironside, chefe do escritório de campanha da entidade, disse que reconstruir as vidas das crianças será parte de um esforço muito maior para reerguer o enclave palestino depois que os combates terminarem de vez. "Como se espera que familiares e cuidadores cuidem de suas crianças e as criem de forma positiva e saudável quando eles mesmos mal funcionam como humanos? As pessoas perderam ramos inteiros de suas famílias em um golpe", disse Ironside.
Até o dia 4 de agosto, 408 crianças palestinas foram relatadas como mortas, 31% das baixas civis. Mais de 70% dos 251 meninos e das 157 meninas mortas tinham 12 anos ou menos.
Mesmo antes do conflito atual, as crianças de Gaza já estavam acostumadas com rodízios por falta de escolas, e se formam em um mercado de trabalho com 59% de desemprego entre os jovens.
"Se você tem mais de sete anos, já passou por duas guerras", declarou Ironside.
O Unicef estima que cerca de 373 mil crianças têm algum tipo de experiência traumática direta e precisam de apoio psicossocial imediato.

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