3 de junho de 2014

MEMÓRIA O que fazer para 'esquecer' menos

Hábitos simples, a exemplo da leitura, jogos e exercícios de associação podem estimular a memória

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Estresse, ansiedade, depressão. Estados psicológicos alterados estão entre as causas mais frequentes das queixas de esquecimento. E não é à toa. Segundo a neuropsicóloga Gislaine Gil, uma pessoa depressiva, ao atentar somente para pensamentos negativos, acaba por comprometer a capacidade de memorização para outros fatos.
Já o indivíduo ansioso, que tende a se preocupar com acontecimentos antecipadamente, diminui a atenção para o armazenamento de novas informações. No estresse, por sua vez, o hormônio cortisol é liberado e age no cérebro, impedindo a evocação da memória. A boa notícia é que o tratamento adequado reverte essas alterações.
Esquecer também é preciso
O esquecimento, entretanto, também figura como um mecanismo de defesa do cérebro, já que, segundo Alexandre Busse, a maioria das informações será, de fato, esquecida. "O cérebro seleciona quais serão armazenadas", afirma o médico, acrescentando que alguns sinais de alerta podem indicar quando a perda de memória natural está evoluindo para um problema de saúde.
"Os sinais indicativos são as dificuldades em tarefas diárias que a pessoa antes fazia com tranquilidade, queda de desempenho e rendimento em atividades ocupacionais e aumento significativo dos lapsos de memória", enumera. Por isso, antes que tais indícios apareçam, a recomendação é estimular o cérebro todos os dias.
Leitura e jogos
A estimulação cognitiva em grupo, como promove o projeto Vigilantes da Memória, em São Paulo, só reforça que estabelecer relações afetivas é importante para a saúde cerebral. Alguns hábitos de iniciativa pessoal, no entanto, ao serem incorporados à rotina, também tornam-se aliados da boa memória.
Ler com frequência, por exemplo, é como ginástica para o cérebro. Além de estimular as emoções e a imaginação, exercitar a leitura melhora o potencial de memorização e ajuda na prevenção e no tratamento de doenças degenerativas, como o Alzheimer.
Para uma boa 'malhação mental', a sugestão da neuropsicóloga é ler por, pelo menos, 30 minutos, três vezes por semana. O importante, ressalta ela, é fazê-lo no seu ritmo, respeitando os próprios limites e escolhendo o que for agradável para o seu gosto.
Outra estratégia é o exercício das três perguntas. Funciona assim: durante o dia, algumas vezes, você pode parar a atividade que está realizando e se perguntar: "O que eu estava fazendo antes dessa tarefa?". Escrever na agenda todas as atividades realizadas e, antes de dormir, retomar de memória tudo o que foi feito, com minúcia, também ajuda.
Já para aumentar os detalhes, a dica é tentar lembrar quem você viu naquele dia, em que lugares foi, o que comeu nas refeições. "Você também pode se perguntar 'O que tenho que fazer depois?'. Com essa questão, você trabalha a memória prospectiva - mais conhecida como memória do dia todo", ensina Gislaine Gil.
Dieta e atividade física
O que comemos também influencia no modo como guardamos as recordações. Entre os nutrientes capazes de melhorar a cognição, estão o ômega-3, óleo de oliva, blueberry, dieta mediterrânea, vitaminas D e do complexo B. Do mesmo modo, associada a uma boa dieta, a atividade física proporciona benefícios para a saúde cognitiva, embora os mecanismos moleculares ainda sejam desconhecidos.
"A aeróbica é benéfica para a função cognitiva em idosos sem comprometimento cognitivo prévio. Entretanto, as evidências são insuficientes para esclarecer se o benefício é devido à melhora na aptidão cardiovascular ou se poderia vir com qualquer tipo de exercício físico", pontua.
Aprender a lembrar?
Desafios diários para muitas pessoas, a solução para decorar nomes e memorizar onde objetos foram guardados, por exemplo, pode estar no hábito de fazer associações, ao invés de apenas repetir uma informação várias vezes.
Além disso, a tecnologia está a serviço dos esquecidos. Hoje, não é difícil encontrar dispositivos que ajudam a procurar informações e até a iniciar um plano de atividades. Entre tantas opções, contudo, Gislaine Gil alerta: a escolha deve levar em conta um aparelho que combine com você.
Para algumas pessoas, escrever um planejamento e, ao longo do dia, verificar o que já foi feito, pode funcionar. Outros preferem os gravadores que armazenam mensagens para depois serem ouvidas. Há, ainda, acessórios específicos para determinadas tarefas, como caixinhas para guardar remédios, dispositivos para chaves e relógios despertadores.
Várias memórias
Sensorial: Dura milissegundos ou segundos e refere-se à lembrança do que alguém disse ou ouviu. É ela que nos faz lembrar as palavras finais daquilo que alguém falou, mesmo não prestando muita atenção.
De curta duração: Também chamada de memória de trabalho, permite reter uma informação por segundos a minutos e manipulá-la. Manifesta-se quando, ao fazer compras no supermercado, você vai somando mentalmente os valores dos produtos já pagos, por exemplo.
De longa duração: É a memória mantida por um período de tempo significativamente longo; por dias ou anos, como lembrar o primeiro beijo.
Prospectiva: Diz respeito à capacidade de lembrar-se de algo logo quando um evento ocorre ou em um momento específico. Por exemplo: lembrar-se de dar um recado ao ver determinada pessoa ou lembrar-se de tomar o remédio em certa hora do dia.

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