19 de maio de 2014

CLASSE MÉDIA Metade das famílias está "enforcada"

Apesar de terem renda inferior a pessoas da classe média, os mais pobres organizam melhor suas finanças

A falta de instrumentos financeiros coloca, entre outros fatores, a classe média nessa situação
 As classes C, D e E podem dividir a base da pirâmide, mas não lidam com questões financeiras da mesma maneira. Essa é outra constatação da pesquisa realizada pela consultoria Plano CDE. Apesar de ter mais renda, a classe média - aquela que puxou o consumo nos últimos anos - demonstra menos habilidade do que os mais pobres para lidar com as contas
A Plano criou três perfis de relacionamento de orçamento familiar. O organizado (faz a gestão de ganhos e gastos, se priva e, quando consegue, poupa). O desorganizado (não sabe quanto ganha ou gasta e entra no vermelho regularmente). E o orientado pela dívida (que destina tudo que ganha ao pagamento das contas e vive com a corda no pescoço).
Apesar de serem considerados mais arriscados pelo sistema financeiro, porque têm renda inferior, os mais pobres se mostram bem mais organizados: 71% têm controle rigoroso das finanças. As famílias de classe média que participaram da pesquisa tiveram um comportamento bem diferente, 22% se mostraram desorganizados e 28% orientados pelas dívidas. Ou seja, metade desse grupo teve problemas para pagar as contas.
"Não podemos expandir o dado para o Brasil e dizer que metade da classe média, que reúne 98 milhões de pessoas - incluindo os 64 milhões de classe C - estão nessa condição", diz Luciana Aguiar, sócia diretora da Plano CDE. "Mas é possível dizer que há uma forte propensão a esse comportamento", completa.
Fatores
Na avaliação de Luciana, vários fatores contribuem para colocar a classe média nessa situação, além do fato de a renda oscilar. A falta de instrumentos financeiros adequados é uma delas. Hoje, a classe média recorre muito ao cartão de crédito.
Essa ineficiência também foi percebida em outras pesquisas. O SPC Brasil, empresa de cadastro de crédito, identificou no final de 2013 que 47% dos inadimplentes eram da classe C.
"Esse dado mostrou que a classe C não consegue se blindar com alternativas de crédito e rolagem de dívidas, como as classes A e B", afirma Luiza Rodrigues, economista do SPC. Essa classe também ampliou sua cesta de compras. Agora, paga internet, TV por assinatura, plano de saúde, mas o supermercado ainda representa 27% dos gastos.

Nenhum comentário: