17 de janeiro de 2014

APOSENTADORIA Agências do INSS no Interior têm atendimento precário

Agências fechadas, demora no atendimento e até casos de agressão a aposentados são relatados nas cidades
Limoeiro do Norte. Agências do INSS no Interior têm apresentado problemas tanto de atendimento quanto de infraestrutura. No caso de alguns municípios do Cariri e do Vale do Jaguaribe, agências foram construídas, mas ainda não foram inauguradas, deixando centenas de pessoas sem o serviço. A solução encontrada pelos moradores é se deslocarem para outras cidades próximas. Em Tauá, na região dos Sertões dos Inhamuns, a queixa é de mau atendimento, inclusive, com tentativa de agressão por parte de um dos funcionários da agência.

Prédio da agência do INSS em Jaguaruana ficou pronto mas não foi inaugurado porque apresenta defeitos
Um funcionário público do município de Jaguaruana, no Vale do Jaguaribe, que pediu para não ser identificado, denuncia o abandono do prédio do órgão, construído em 2010. A obra foi concluída, mas nunca chegou a ser inaugurada por apresentar rachaduras no piso. Até então o prédio permanece fechado sob a guarda de um vigia. As rachaduras impedem a abertura das portas da frente do prédio.

Sem o funcionamento da unidade, os segurados que precisam do serviço se dirigem à agencia do INSS de Aracati, a 45km de Jaguaruana. O funcionário público informou que várias equipes do INSS já vistoriaram o local, mas nada se sabe sobre reformas na estrutura ou uma possível data para inauguração da agência.

Em dezembro, o Diário do Nordeste publicou em edição do Cariri Regional, que o mesmo problema vem acontecendo nos municípios de Aurora e Milagres. Mas, segundo a gerente executiva do INSS em Juazeiro do Norte, Maria Lucrecia Cardoso Callou, as agências ainda não estão operando nestes municípios devido à ausência de um equipamento utilizado pela empresa Oi, responsável pela rede de transmissão de dados das agências do órgão via Internet.

Já em Tauá, o aposentado Francisco Carlos Filho, conta que foi maltratado na agência do INSS daquele município no dia 8 de janeiro. Segundo relato do aposentado, ele pegou uma senha e se dirigiu a um funcionário chamado Wagner, que disse que ele passasse para outro guichê, pois estava atendendo outra pessoa. A queixa reside no fato de que o funcionário falou com grosseria com o aposentado e ameaçou agredi-lo. "Ele me mandou passar para a outra funcionária com muita grosseria e quando eu disse que ele era muito novo para tratar as pessoas idosas daquele jeito e que era obrigação dele como funcionário público atender bem, ele pegou um grampeador que estava em cima da mesa para bater em mim. Só não me agrediu de fato porque um colega de trabalho dele o retirou", denuncia ele.

Na ocasião, ele havia se dirigido até a agência para reclamar do valor de seu último pagamento. Francisco acrescenta ainda que denunciou o mau tratamento à ouvidoria do órgão e que, após o acontecido, passou mal, com alta da sua pressão arterial. Ele diz que foi a uma farmácia para ser medicado. Em resposta à denuncia do aposentado, a Gerência-Executiva do INSS em Sobral, responsável pela área de Tauá, informa que o segurado envolvido no caso recebeu da gerente da unidade pedido de desculpas pelo incidente ocorrido, através de telefonema, e foi orientado a utilizar-se da Ouvidoria-Geral da Previdência Social. O canal é o espaço desenvolvido pela Previdência para receber elogios, sugestões, expor problemas, reclamações ou denúncias. As manifestações são encaminhadas às áreas técnicas responsáveis para averiguação, e até o momento não foi recebido nesta gerência manifesto sobre este ocorrido.

Filas de espera
Outro fato que gera motivo de reclamações dos segurados são as filas de espera para realização de perícia médica. De acordo com o vice-presidente do Sindicato dos Médicos e médico perito do INSS, Samuel Abranques, nos dois últimos anos há uma demanda crescente em busca do setor. O número de segurados só aumenta, enquanto a quantidade de peritos vem diminuindo no Brasil. "Alguns por aposentadoria e outros que pediram exoneração dos seus cargos. Nesse espaço de dois anos perdemos cerca de dois mil médicos peritos em todo o País", lamenta.

Com a baixa oferta dos profissionais, as filas aumentam. Há situações em que o segurado chega a esperar até três meses pela consulta. Abranques afirma que algo que poderia diminuir as filas de espera seria o sistema identificar os segurados que estão em dia com a Previdência e possuem direito ao benefício, antes de ser realizado o exame.

"Muitas perícias são feitas, mas nem todos estão em dia com a Previdência e acabam não tendo o benefício concedido. Quem barra isso é o próprio sistema. Mas muita gente acaba colocando a culpa nos médicos, como se fôssemos nós que tivéssemos negado", lamenta.

Ainda segundo o perito, os concursos realizados não supriram a demanda de médicos peritos no Interior. Sobre as agências fechadas, a reportagem entrou em contato com a Assessoria de Imprensa do INSS, em Fortaleza, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.

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