21 de outubro de 2013

PRÉ-SAL Governo já venceu 18 ações contra megaleilão

O ministro de Minas e Energia garantiu que certame ocorre hoje mesmo com apenas um consórcio na disputa
Brasília. Uma nova ação contrária ao leilão do bloco de petróleo no campo de Libra (SP) ingressou na Justiça, desta vez no Rio de Janeiro - onde, inclusive, deverá ocorrer hoje o leilão. Agora, somam 24 ações as contrárias à operação. Segundo balanço da Advocacia Geral da União (AGU), o governo venceu 18 disputas. Restam seis ações em processo de análise nos tribunais.

O campo de Libra tem recursos recuperáveis de 8 a 15 bilhões de barris, a maior descoberta já feita no País. A sua exploração permitirá atender à demanda interna e colocar o Brasil em condição de exportador de petróleo.
Entre as alegações de quem é contrário ao leilão está o temor de que haverá a transferência do poder de controle da produção nacional de petróleo e gás natural para companhias estrangeiras. Na última quinta-feira, os petroleiros iniciaram uma greve contra a ´privatização´ do campo do pré-sal. No Ceará, ela começou à meia noite de hoje.

No sábado, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que o leilão "não representa uma privatização". Lobão também lembrou que, pelo regime de partilha da produção (que será inaugurado com a exploração de Libra), a Petrobras será a única companhia habilitada a explorar o campo. O ministro garantiu ainda que o leilão ocorrerá mesmo que haja apenas um consórcio na disputa.

Lobão chegou por volta das 17h30 de ontem no Hotel Windsor Barra, onde deve ser realizada a disputa. Estava acompanhado do secretário executivo de petróleo gás do ministério, Marco Antônio Almeida, e foi recebido pela diretora-geral da ANP (Agência Nacional de Petróleo), Magda Chambriard. O ministro rebateu também especulações de que a indústria nacional não teria condições de acompanhar um projeto do porte de libra, que tem recursos recuperáveis entre oito bilhões e 15 bilhões de barris de petróleo, a maior descoberta já feita no País.

Descartou ainda reduzir o ritmo dos leilões para garantir mais tempo para o desenvolvimento da indústria. "Não houve perda de ritmo da indústria. A indústria está preparada", afirmou Lobão.

Em coletiva à imprensa, Lobão disse que esta é a "madrugada de uma revolução econômica para o bem do Brasil". "Não podemos aceitar o pessimismo, criticas infundadas e o niilismo que se procura expandir sobre essa nova fronteira que o Brasil começara a explorar", defendeu o ministro.

Lobão disse também que "a descoberta de campos no pré-sal abriu uma fronteira nova para o otimismo responsável que devemos ter no Brasil, quanto ao destino da economia e da área social no Brasil".

Importação
O ministro destacou que esse é o momento mais adequado para realizar a licitação, porque o País produz 2,1 bilhões de barris de petróleo por dia, mas ainda consome pouco mais que isso, de forma que precisa fazer importações "mínimas" do combustível.

A exploração em Libra, disse, permitiria atender a demanda interna e colocar o Brasil em uma condição exportador de petróleo. Em sete anos, a expectativa é que o País possa exportar dois milhões de barris por dia.

Ações contrárias

De acordo com a AGU, até o início da noite de ontem, ainda aguardavam julgamento seis ações na Justiça, todas apresentadas por entidades que pedem a suspensão do leilão. Como ações foram apresentadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul e na Bahia, a AGU computa como decisão favorável não só aquela em que o juiz nega o pedido de suspensão do leilão, mas também nos casos em que a decisão é de se remeter os autos para o Rio, onde o primeiro processo contra a concorrência foi apresentado e negado pela Justiça.

Esquema de guerra

Ontem, a menos de 24 horas para a realização do leilão, o local da disputa começava a receber o reforço de forças de segurança. Cerca de 20 homens do exército se posicionaram nos arredores da avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, onde fica o hotel Windsor Barra. Eles estavam equipados com escudos, armas e capacetes. Além do exército, uma embarcação da Marinha também já havia sido acionada.

Investimento e PIB devem subir com concessões
São Paulo O sucesso do leilão de Libra e de concessões públicas na área de transportes, como rodovias e aeroportos, devem trazer efeitos positivos para a confiança dos empresários, o que ajudará a estimular o PIB e a Formação Bruta de Capital Fixo no País no médio e longo prazos, comentou à reportagem a economista-chefe da consultoria Rosenberg Associados, Thaís Zara.

"Os investimentos nestes setores são volumosos, mas vão ocorrer num grande período de tempo. Portanto, a influência favorável no nível de atividade será moderado com o avançar dos anos", destacou. De 2014 a 2018, os investimentos gerados pelas concessões devem totalizar R$ 291 bilhões.

Em dois anos

Para Thaís, bons resultados no leilão de Libra e de concessões do governo para o setor privado em logística e transportes devem colaborar para o aumento do PIB nos próximos dois anos.

Ela pondera que o Brasil deverá crescer 2,3% em 2013, avançará 2,8% em 2014 e poderá registrar uma expansão de 3% em 2015.

CE: produção de petróleo reduzida

As atividades de produção de petróleo e biodiesel no Ceará, assim como a de derivados de óleo e transporte de gás já se encontram reduzidas no Ceará, e com tendência à paralisação ao longo dessa semana.

Desde meia-noite desta segunda-feira, os petroleiros atuantes no Estado encontram-se em greve por tempo indeterminado. A categoria reivindica o cancelamento do leilão de Libra, marcado para hoje, além de melhoras no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e o arquivamento do Projeto de Lei 4330.

De acordo com o presidente dos Petroleiros dos Estados do Ceará e Piauí (Sindipetro CE/PI), Orismar Holanda, houve o chamado corte de rendição nas unidades da Petrobras do Ceará à meia-noite.

"As refinarias e plataformas operam em turno ininterrupto de revezamento. Isto é, os trabalhadores que iriam render aqueles que sairiam de serviço à meia-noite, não entraram. Como as operações não podem ter paralisação abrupta, os que estavam continuam. Mas isso vai acontecer enquanto chegara exaustão. Aos poucos, as atividades vão sendo reduzidas até a paralisação total, que pode ocorrer ainda esta semana", esclarece o presidente do sindicato.

Unidades afetadas

A greve atinge as nove plataformas de petróleo existentes no Ceará, localizadas no litoral de Paracuru, além do campo de produção terrestre da Fazenda Belém, nos municípios de Icapuí e Aracati. Também serão afetadas as atividades da Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste (Lubnor), em Fortaleza, da Usina de Biodiesel de Quixadá e dos três terminais de transporte de gás da Transpetro - subsidiária de transporte e logística da Petrobras.

Segundo o presidente do Sindipetro CE/PI, hoje devem estar em greve cerca de 250 trabalhadores no Ceará.

Logo mais, às 10 horas, na Lubnor, os petroleiros terão uma reunião com a Petrobras, por convocação da empresa, para tratar das negociações. Contudo, Holanda acredita que a greve tende a se fortalecer.

A proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) foi rejeitada por 99% da categoria e os trabalhadores estarão em manifestação a partir das 7h de hoje no portão "B" da Lubnor. No mesmo local e horário, também deverá ocorrer a manifestação, organizada por meio das redes sociais, chamada "O petróleo será nosso à força", em protesto contra o leilão de Libra.

Os sindicalistas também pedem o arquivamento do PL 4330, que trata sobre terceirizações nas relações de trabalho.

Para o movimento sindical, o pode representar o fim do emprego como atualmente existente, desorganizando e desestruturando o mercado de trabalho.

Paralisação Nacional

Trabalhadores da Petrobras e subsidiárias aprovaram greve nacional por tempo indeterminado desde o do último dia 17. Ela acontece nas refinarias, terminais de distribuição, plataformas de petróleo, campos terrestres de produção, usinas de biodiesel, termoelétricas e ainda em unidades administrativas da Petrobras, Transpetro e demais subsidiárias.

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