7 de abril de 2011

Médicos protestam contra planos de saúde


Atendimentos pagos por convênio não serão feitos hoje; categoria reivindica reajuste no valor pago pelos planos

Cerca de 160 mil médicos de todo o país que atendem pacientes com planos de saúde vão suspender consultas e procedimentos agendados para hoje, quando se comemora o Dia Mundial da Saúde. Os planos e seguros de saúde são responsáveis por atender 45,5 milhões de pessoas no País.
De acordo com os médicos, os atendimentos de emergência não deverão ser afetados. A categoria reivindica um reajuste no valor pago pelos convênios médicos. A expectativa é que o valor pago por consulta chegue a R$ 60. A maioria dos planos de saúde paga entre R$ 25 e R$ 40 por consulta, podendo haver alteração nos valores por região. Os médicos dizem que recebem em média R$ 284,18 por uma cesariana.
Segundo as entidades médicas, entre os anos de 2000 e 2010, os valores tiveram um reajuste de 44%, enquanto as mensalidades dos planos aumentaram 133%. A Fenasaúde, que reúne as 15 principais operadoras de planos do país, diz que o reajuste foi maior.
O diretor da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Marcio Bichara, afirma que os médicos foram orientados a remarcar os pacientes para a data mais próxima. "Ainda que tenham de abrir horários extras em sua agenda. Não queremos prejudicar os pacientes", explica. O objetivo é a valorização do trabalho médico, da assistência em saúde oferecida pelos planos. Além disso, a categoria questiona a forma como médicos e pacientes são tratados pelas empresas de plano de saúde.
De acordo com o presidente da Associação Médica de Brasília (AMBr), Lairson Vilar Rabelo, o ato de paralisar durante 24h é uma forma de defender um atendimento com mais qualidade aos cidadãos. Segundo ele, as interferências criam obstáculos para a solicitação de exames e internações, pressão para a redução de procedimento, a antecipação de altas e transferências de pacientes.
De acordo com o membro do Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal, Antônio Carvalho da Silva, os médicos exigem respostas dos planos de saúde para corrigir a interferência antiética na autonomia do trabalho médico.
"Os médicos atendem em média, nos seus consultórios, oito planos ou seguros saúde, e toda vez têm aborrecimento com essas empresas por demorarem a liberar marcação de consulta, ou equipamentos cirúrgicos", declarou.

Adiamentos
O ginecologista Paulo Nicolau desmarcou as 30 consultas que estavam agendadas para hoje em seu consultório. Ele vai participar da paralisação nacional dos médicos para pedir reajuste na remuneração paga pelas operadoras de plano de saúde. "Só atendo se alguma de minhas gestantes precisar de mim com urgência", diz Nicolau.
Cerca de 90% de suas pacientes são usuárias de planos de saúde. O valor médio pago pelas operadoras por consulta, segundo o médico, é de R$ 30,00. "É menos do que um pacote de fraldas. Gasto uma fortuna com livros e cursos para me atualizar e atender bem. Mas, no fim do mês, quando vejo meus honorários, dá vontade de largar tudo", disse o médico.


DN

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