Sobe para 33 o número de mortos em Angra dos Reis e para 55 o total de vítimas no Estado do Rio
As fortes chuvas do fim de 2009 transformaram em um cenário trágico um dos principais paraísos turísticos do Estado do Rio. O deslizamento de uma encosta atingiu uma pousada e sete casas na Ilha Grande, na baía de Angra dos Reis, matando pelo menos 20 pessoas.
No continente, outras 13 pessoas morreram em outro desmoronamento, no Morro da Carioca, no centro histórico - um dos destinos mais procurados no réveillon. Bombeiros ainda trabalhavam ontem em busca de vítimas ou sobreviventes. No Estado, 55 pessoas já morreram por causa das chuvas. Na Ilha Grande, os bombeiros haviam resgatado pelo menos 13 corpos de turistas e 6 de moradores locais, informou o vice-governador Luiz Fernando Pezão.
Poucas horas depois da comemoração de Ano-Novo, às 2h30 de ontem, os hóspedes da pousada Sankay, na Enseada do Bananal, uma região de pequenas ilhas em torno da Ilha Grande, foram surpreendidos pelo desmoronamento de toneladas de rochas e terra da imensa encosta, localizada atrás do prédio. A maioria dos hóspedes conseguiu sair a tempo, mas a filha dos proprietários da pousada, Yumi Faraci, de 18 anos, e um casal de amigos dela ficaram sob os escombros.
Mais de 100 pessoas, entre bombeiros, médicos e voluntários, foram mobilizadas para a operação de resgate. Militares da Marinha também ajudaram. Helicópteros e navios forem empregados no transporte de equipamentos e de pelo menos dez feridos.
"Infelizmente, acreditamos que vamos ter um número mais elevado de vítimas por causa desses desmoronamentos", disse o vice-governador. Autoridades envolvidas na operação estimaram que poderia haver pelo menos mais 25 corpos na Ilha Grande e dezenas no Carioca.
Várias regiões de Angra foram castigadas pela chuva e a Prefeitura contabiliza 80 casas destruídas. Oito corpos retirados da Enseada do Bananal foram trasladados de helicóptero para o Instituto Médico Legal (IML) do Rio. Quatro vítimas foram identificadas. Os mortos do Morro da Carioca foram identificados no IML de Angra.
A chuva no litoral sul do Rio também isolou a região, provocando várias quedas de barreira na BR-101 (Rio-Santos). Na altura de Paraty, a via chegou a ser interditada nos dois sentidos. A tradicional procissão marítima de Angra, que ocorre no primeiro dia do ano, foi cancelada. A festa de aniversário da cidade, que acontece dia 6 de janeiro, também foi cancelada. O prefeito Tuca Jordão decretou luto oficial de três dias.
AUXÍLIO ÀS VÍTIMAS
Turistas improvisam socorro
Rio de Janeiro Isolados na enseada do Bananal, turistas de Ilhéus improvisaram para auxiliar as vítimas do deslizamento que atingiu a pousada Sankay, na Ilha Grande, em Angra dos Reis (RJ). Um cilindro de oxigênio para mergulho foi usado para ajudar feridos a respirar, talas foram improvisadas com madeira e toalhas viraram torniquetes. Três turistas médicos ajudaram no socorro.
A primeira equipe de bombeiros chegou quase duas horas após o acidente - a viagem de barco do continente até a praia demora uma hora, dependendo da lancha. O primeiro bote a chegar nem sequer tinha gasolina suficiente para levar feridos ao continente. "Os bombeiros chegaram sem equipamento, com um bote e dois homens. Acho que não levaram muita fé no que havia acontecido", disse o médico Walter Douglas.
A terra que deslizou carregou famílias e grupos de turistas inteiros. Segundo moradores, tudo foi muito rápido. "Todo mundo pegou enxada, pá. Mas não tinha luz, e no escuro foi muito difícil achar as pessoas", disse Rosemere Brito, 40, que perdeu irmã, sobrinho e cunhado. "Ouvi um barulho, mas achei que fosse briga", contou a consultora tributária Renata Bazolim Gomes, 32. O povoado se concentrou na casa para onde os corpos eram levados. Não havia desespero. A maioria aguardava com resignação a confirmação da morte de parentes e amigos.
3 de janeiro de 2010
Temporais matam 55 pessoas
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