Empecilhos logísticos impedem que o socorro alcance as centenas de milhares de haitianos famintos
Porto Príncipe Os líderes mundiais prometeram grandes iniciativas de ajuda para reconstruir o Haiti, mas ontem os sobreviventes desesperados do terremoto ainda esperavam por comida, água e remédios. Os empecilhos logísticos impedem que o socorro alcance as centenas de milhares de haitianos famintos que aguardam ajuda, muitos dos quais abrigados em campos improvisados nas ruas abarrotadas de detritos e corpos em decomposição
"Estou indo para lá com o coração pesado. Esta é uma das piores crises humanitárias em décadas. O dano, a destruição, a perda de vidas são assombrosos", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, ao embarcar ontem em um voo para o Haiti. A ONU alimenta 40 mil pessoas por dia e espera aumentar esse número para um milhão dentro de duas semanas, disse ele. "O desafio neste momento é coordenar a enxurrada de contribuições", afirmou Ki-moon. À medida que o desespero toma conta das pessoas e na ausência das autoridades, saqueadores se espalham por lojas demolidas carregando comida e tudo mais que encontram. Brigas irromperam entre grupos portando facas, picadores de gelo, martelos e pedras.
O presidente René Préval disse que 3.500 soldados dos EUA irão auxiliar os sobrecarregados soldados de paz da ONU e a polícia haitiana a garantir a segurança na capital.
"Temos dois mil policiais em Porto Príncipe gravemente afetados, e três mil bandidos escaparam da prisão (durante o terremoto). Isso dá uma ideia de como a situação é ruim", disse Préval a repórteres.
Dezenas de nações têm enviado aviões com equipes de resgate, médicos, hospitais de campanha, alimento, remédios e outros suprimentos, mas enfrentam um gargalo no aeroporto, onde o combustível é escasso. Alguns grupos reclamaram que seus voos foram desviados para a vizinha República Dominicana, forçando-os a carregar suprimentos para o Haiti por terra.
As forças armadas norte-americanas disseram ter montado uma força-tarefa conjunta para coordenar o fluxo de ajuda. Cerca de cinco mil militares já estavam envolvidos e outros 7.500 devem chegar na segunda-feira. Uma frota de 30 helicópteros leva recursos diretamente aos haitianos, enquanto aviões dos EUA trazem suprimentos e vários navios se encontravam na costa do Haiti.
VÍTIMAS BRASILEIRAS
Número de mortos já chega a 17
O Comando do Exército informou ontem que foi identificado o corpo do major Francisco Adolfo Vianna Martins Filho, que se encontrava desaparecido na cidade de Porto Príncipe, capital do Haiti, desde o terremoto de 12 de janeiro. Com isso, sobe para 17 o número de brasileiros mortos na tragédia. Ainda há três militares desaparecidos.
Entre as vítimas do Brasil, estão também o diplomata Luiz Carlos da Costa, que ocupava o segundo cargo mais importante da ONU no Haiti, e a médica sanitarista e fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns.
Segundo o Exército, o major Francisco Adolfo Vianna, que servia no Estado-Maior do Exército, se encontrava desempenhando as funções de observador militar da missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah).
Ontem mais cedo, o comandante do Exército brasileiro, general Enzo Martins Peri, expressou, em nome da institiução, o "mais profundo pesar" aos familiares e amigos pela "perda prematura" dos "capacetes azuis - soldados da paz".
"Todos ´combateram o bom combate´, levando àquela nação amiga, castigada por violências de diferentes naturezas, o que a gente brasileiras mais possui: solidariedade, alegria e esperança", disse ele, por meio de comunicado à imprensa.
O Comando do Exército também informou ontem que os 16 militares feridos provenientes do Haiti permanecem internados no Hospital Geral de São Paulo. "O quadro clínico de todos é bom e estável".
fonte DN
18 de janeiro de 2010
Haiti ainda recebe pouca ajuda
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário