Pessoas com crianças e idosos aguardavam em pé nas calçadas da Caixa. Senhas distribuídas não foram suficientes.
Depois de 28 dias de greve dos bancários, não parecia que as portas das agências da Caixa Econômica Federal (CEF) haviam sido finalmente abertas.Com mais pessoas do lado de fora do que dentro, os bancos não suportaram a demanda desta quinta-feira. Em frente à agência da Rua 7 de setembro, na Parangaba, tumulto e desconforto.
Quase 300 pessoas formaram fila que chegava a dar volta no quarteirão.Na agência da Avenida Duque de Caxias, no Centro, a circunstância era a mesma, centenas de pessoas nas calçadas aguardando por atendimento.Sob o risco de serem multadas pelo Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon), as agências da CEF descumpriram gravemente a Lei Estadual Nº13.312, que limita em 15 minutos o tempo de espera em fila. Nas datas de pico para atendimento, como fim de mês, essa tolerância é estendida para 30 minutos.Todavia, nem 15, nem 30 minutos, senhores e senhoras estavam, na tarde de ontem, na agência da Parangaba, há mais de sete horas nas calçadas e em condições inadequadas de espera. Eles se queixavam dos empurrões e desconforto que sofriam em frente ao banco, sob o sol forte.
Mulheres com crianças pequenas e idosos aguardavam em pé no mesmo espaço dos demais clientes.Não havia critério de prioridade. Além do descumprimento ao Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto do Idoso também estava sendo ignorado.Quem chegou pela manhã conseguiu receber senha, que só foi entregue aos 230 primeiros clientes. Por volta das 14 horas, nem metade das pessoas havia conseguido adentrar ao banco na Parangaba.Para o assessor de imprensa da Caixa, Wellignton Nunes, esta condição já estava prevista em todas as agências de bairro. Segundo ele, 90% dos clientes buscavam pagamento de seguros sociais e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que podem também ser feitos pelas casas lotéricas.
"Cada agência está sendo acompanhada pelo seu gerente e pela superintendência. Não temos como dar vazão porque o espaço físico é limitado e o número de profissionais é o mesmo. Neste caso, a medida a ser tomada é a gestão das filas e prioridade aos casos urgentes", disse Wellignton Nunes.
"Para os atendimentos de FGTS, o processo é mais lento e criterioso porque existe a necessidade de conferir documentos. Em dias comuns, esta procura já é grande, com a demanda acumulada devido a greve. Serão necessários pelo menos mais quatro dias para regularizar a situação", destacou.
O assessor de imprensa disse que, além dos operadores de caixa, já em atividade, funcionários de outros setores foram transferidos para receberem os clientes dentro das unidades em que estão locados.Somente na agência da Parangaba, são dez caixas e 42 empregados. Mesmo assim, não havia nenhum bancário dando informações aos clientes que estavam do lado de fora."Não existe uma pessoa pra ver se há idosos e atendimentos prioritários", reclamou a dona-de-casa Maria do Socorro Teixeira, 50. "Isso é um descaso, meu marido faleceu e estamos há 30 dias numa situação difícil, com o dinheiro preso no banco".
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