1 de julho de 2014

Governo prorroga IPI reduzido

Especialistas ouvidos por O POVO se dividem sobre efetividade da manutenção do IPI reduzido para automóveis até dezembro deste ano, anunciado ontem pelo Governo Federal

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem que o desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis será prorrogado até dezembro de 2014 pelo Governo Federal. Para o economista Sérgio Melo, a decisão é importante para manter minimamente aquecido o segmento de produção de veículos. Ele avalia, porém, que a medida não ajuda a melhorar a economia. “Não resolve, pois a economia não depende apenas desse setor, mas, sem dúvida vai ajudar o PIB (Produto Interno Bruto) de 2014 não cair ainda mais”, observa.Para o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores no Ceará (Fenabrave-CE), Fernando Pontes, é bom porque favorece o setor e porque havia uma expectativa de aumento do imposto. Ele acredita que o mercado vai se manter inalterado nos próximos dias por conta dos feriados, dos jogos da Copa do Mundo e das viagens de férias. “O mercado só vai se recuperar depois da Copa”, afirma, acreditando que em agosto as vendas devem melhorar.
Pontes disse que a expectativa de elevação do IPI aumentou muito o fluxo de compradores nas lojas. “Só em Fortaleza, os emplacamentos e vendas ficaram 2,9% abaixo dos resultados do mês de maio”, comenta.Para ele, o fechamento de junho deve ser igual ou superior a maio deste ano. Ponderando que ainda é muito cedo para falar sobre o impacto da medida, afirma que o mercado de automóveis não está em baixa apenas em Fortaleza mas em todo o País.
Cara
Para o economista Alex Araújo, a redução do IPI é uma medida com pouca efetividade e cara. “É uma tentativa de aquecer o mercado mas no cenário atual, que combina inflação alta com baixo otimismo do consumidor, não deve ter o efeito desejado”.Araújo avalia que, além de não ser favorável no curto prazo, a decisão tem um custo fiscal. “Essa decisão altera a previsão orçamentária e a arrecadação que teve o pior resultado desde maio de 2007. “O Governo não tem mais capacidade de estimular a economia com esse tipo de medida, como fez em 2013”, afirma.Segundo o ministro Mantega, o objetivo é fazer com que o setor se recupere da queda nas vendas. A permanência da desoneração está vinculada a um compromisso do setor em não cortar empregos.Para carros até mil cilindradas, a alíquota permanece em 3%. A previsão era que o IPI para esse ipo de veículo voltasse hoje ao patamar de 7%, anterior à redução. Os automóveis entre mil e 2 mil cilindradas, bicombustíveis, continuaram tributados em 9%. Antes da redução, a alíquota da categoria era 11%.Para o presidente da Associação Nacional da Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, a medida ajudará a impulsionar as vendas nos próximos meses. “Eu tenho a convicção de que, com a manutenção da alíquota, teremos um segundo semestre melhor do que o primeiro”, afirmou.
A produção de automóveis caiu, de acordo com a Anfavea, 14,5% no acumulado dos primeiros cinco meses do ano. (com agências)

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