4 de maio de 2014

Dilma, sob pressão, dá sinais de que também vai para o ataque

Oposição intensifica críticas, especialmente através dos pré-candidatos Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Desde 1º de Maio que petista, que até então permanecia no silêncio, também aumentou tom do discurso.

A pressão é grande e vem de todos os lados. Dos aliados, na forma de um crescente movimento pela candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, explicitado em documento da bancada do PR na Câmara Federal, apresentado na última segunda-feira, assinado por 20 dos 32 deputados. Há, ainda, a silenciosa ação de petistas pela substituição da cabeça de chapa do partido na disputa sucessória de outubro. Dos adversários, os petardos vêm ainda mais fortes, claro, animados por uma crise política que não dá trégua e por números de pesquisas mais recentes indicando perda de apoio como governante e como candidata. Dilma Rousseff, espremida por uma fase política delicada, tem vivido dias tensos.
O tom dos discursos está cada vez mais alto na oposição, especialmente quando fala o senador Aécio Neves (PSDB) ou o ex-governador Eduardo Campos (PSB), os dois pré-candidatos que já percorrem o País em clima de campanha. Aécio, que mais parece vir tirando proveito da queda na intenção de voto em Dilma colhida nas pesquisas mais recentemente divulgadas, avalia que o povo brasileiro demonstra “um cansaço em relação a tudo isso que está aí e o sentimento de mudança é crescente”.
Eduardo Campos, por sua vez, ainda não enxerga Aécio como adversário e centra fogo em Dilma, uma ex-aliada que agora ele enche de defeitos. A ela, por exemplo, ele atribui uma drástica piora na política econômica do País. A falta de controle da inflação é o principal e mais grave, segundo diz, tornando necessária a construção de um “arcabouço confiável, para fazer da atual crise uma oportunidade”. Ousado, o político pernambucano aponta como meta baixar a inflação, há alguns meses estacionada próximo ao teto de 6,5%, para 3% ao ano.
Sem volta
A postura de Dilma parece estar mudando, depois de um bom tempo optando pelo silêncio aos vários ataques sofridos. No dia 1º de Maio, em pronunciamento pela data, partiu para ofensiva, anunciando reajuste de 10% no Bolsa Família e atualização de 4,5% para a tabela do Imposto de Renda. Usou a mesma fala à TV para acusar a oposição de apostar no “quanto pior melhor” e condenar o uso político da Petrobras pelos adversários. “O Brasil já passou por isso no passado e os brasileiros não aceitam mais a hipocrisia, a covardia ou a conivência”, afirmou. A tensa semana até acabou tranquila para Dilma Rousseff, considerando que o Encontro Nacional do PT, realizado sábado e domingo, em São Paulo, transformou-se num grande ato de apoio à sua candidatura. Todo o esforço do evento era no sentido de neutralizar o “Volta Lula” e manifestar uma decisão clara no sentido de ir adiante com o projeto de reeleição da atual presidente, que, lembra-se sempre no partido, mantém liderança nas intenções de voto.

Os próximos dias serão importantes, para governo e oposição, porque haverá a instalação no Senado da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar as denúncias de irregularidades na Petrobras, que no Governo se entende como instrumento eleitoral. É mais lenha para arder na fogueira que já mantém nas alturas a temperatura da política nacional. 
Saiba mais
O ataque com a CPI da Petrobras
Instalação da CPI da Petrobras, prevista para a próxima terça-feira no Senado, é um dos momentos de tensão previstos pelo calendário pré-eleitoral de 2014. A oposição aposta alto na capacidade que a investigação terá de criar mais problemas para o Governo e, com isso, afetar os planos de reeleição da presidente Dilma Rousseff.
O contra-ataque com o caso Alstom
De outra parte, a estratégia petista (e governista) prevê um cerco ao caso Alstom, que envolve denúncias de desvios de recursos para agentes ligados ao PSDB, inclusive políticos, em licitações realizadas para compra de trens do Metrô de São Paulo. Estado administrado pelos tucanos desde 1994.

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