Dentre os diversos motivos que
podem levar um casal à separação estão as brigas por dinheiro, causadas, por
exemplo, pela divergência de prioridades da família ou por gastos excessivos de
uma das partes. Assim como em praticamente tudo em uma relação, a administração
da renda familiar requer planejamento, cumprimento de metas e, sobretudo, que
ambos saibam ceder. Para Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em gestão
financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV), uma das maneiras para diminuir
conflitos é permitir que cada um dos cônjuges tenha o seu próprio dinheiro,
para gastar como quiser, mesmo que apenas um deles tenha renda. “Ambos devem
separar uma parte para que cada um tenha o seu gasto próprio. Sabendo que se
quiser gastar com a casa será uma opção individual. O importante é preservar a
independência de cada um”, ele diz. “E quando acontece de um dos dois não
trabalhar, o ideal é que o outro lhe dê uma quantia para que aquele possa
gastar como achar melhor”.
Teixeira recomenda que antes de
calcular o orçamento familiar, o casal faça o abatimento relativo aos gastos
individuais, deixando sempre uma sobra para as adversidades, como problemas de
saúde, acidente de carro, ou para um plano de previdência. “O orçamento da casa
será a soma do que cada um ganha menos o que foi tirado para si, além da sobra
para as imprevisibilidades”.
Ele diz que um dos erros mais
frequentes cometidos pelos casais é estipular o orçamento no limite da renda
familiar, o que pode acabar gerando endividamento. “Aí qualquer gasto extra
desorganiza o orçamento e gera desgaste entre o casal”, ele diz. “O casamento
de certa forma é um contrato em que a gente abre mão de muita coisa. E, em
alguns casos, é preciso abrir mão de um padrão desejado, para um padrão mais
baixo”.
Infidelidade financeira
Segundo a
educadora financeira Louise Porto Freire, outro motivo de briga entre casais é
o que ela chama de “infidelidade financeira”. A infidelidade ocorre quando um
dos dois gasta mais do que o combinado e passa a esconder as dívidas. “Aí
quando não dá mais para esconder começam as brigas”. Ela diz que é comum que
mulheres extrapolem comprando roupas enquanto os homens se excedem com os
amigos, pagando contas em bares ou restaurantes. “Conflito sempre vai haver. É
preciso definir a responsabilidade de cada um nas despesas da casa”.
Para as despesas domésticas, é
recomendável que o casal abra uma conta conjunta, sem que cada um deixe de ter
a sua conta individual, “por mais que o casal se ame”, diz Teixeira. Além
disso, Louise ressalta que ter uma conta conjunta permite que o casal possa
negociar com o banco melhores condições para fazer aplicações financeiras do
que teriam com em contas individuais.Por outro lado, se é comum que
dificuldades financeiras causem separações, Ricardo Teixeira diz que há casos
em que ela pode segurar o casamento, quando, por exemplo, um dos dois entende
que a sua condição ficará ainda pior se estiver sozinho.
“Há casais que permanecem unidos
justamente por conta das adversidades, e um dos dois acaba ficando preso ao casamento
quando a situação financeira piora”. Para ele, a principal dica para não gerar
conflitos por causa de dinheiro é mesma para qualquer situação entre um casal.
“O mais importante é que os dois queiram que a relação dê certo”.
Dicas
1. Reservar valores mensais para que cada um possa fazer gastos
individuais, sem interferência do outro, mesmo que só um dos dois tenha renda.
2. O casal deve planejar o orçamento familiar junto. 3. Separar uma quantia
mensal para gastos com adversidades. 4. Estabelecer e cumprir as metas. 5.
Saber ceder nos momentos de adversidades. 6. Abrir uma conta conjunta para as
despesas domésticas.
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