19 de abril de 2014

Energia solar: 60 indústrias alemãs interessadas no CE

Cerca de 60 indústrias alemãs estão interessadas em gerar energia solar no Ceará. Em missão ao país europeu, a Federação das Indústrias do Estado (Fiec) entrou em contato com os possíveis investidores, que estão em busca de parcerias com empresários locais para empreendimentos binacionais. No mês que vem, quatro autoridades do estado alemão de Renânia do Norte-Vestfália visitarão o Ceará para ver as condições existentes por aqui para investimentos no setor.
AlemanhaO superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN), ligado à Fiec, Eduardo Bezerra, esteve na cidade de Düsseldorf, onde conversou com os possíveis investidores. "Eles estão interessados em entrar no Ceará, mas isso, obviamente, vai depender das negociações com o governo estadual e com empresários locais, porque é interessante para eles construir empreendimentos binacionais", explica.
O superintendente destaca que a Alemanha possui a segunda maior indústria fotovoltaica do mundo, atrás somente da chinesa. O objetivo dos alemães no Estado seria tanto construir usinas produtoras de energia dos ventos, como beneficiar o silício existente em terras cearenses e produzir placas fotovoltaicas. "Os Estados Unidos têm o Vale do Silício, onde a terra tem o preço mais elevado lá. Nós temos, no Brasil, dois 'vales do silício', em Minas Gerais e no Ceará. Nós pisamos em cima de silício que não está explorado. E os alemães querem vir para construir indústria e processar este silício", informa.
Pesquisas
Segundo Bezerra, o Ceará já trabalha em pesquisas na área de energia solar, realizadas na Universidade Estadual do Ceará (Uece) e no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), da Fiec. Ele também acrescenta que o Brasil domina o processo de beneficiamento do minério para produção de placas fotovoltaicas, através da Universidade de São Paulo (USP). "Então, temos tecnologia nacional e não dependemos de pagamento de royalties para purificar o silício", destaca.
As quatro autoridades alemãs que chegarão ao Estado conhecerão as condições locais para investimentos na atividade de energia solar e se reunirão com as lideranças da Fiec, entrando em contato com os trabalhos que já vêm sendo feitos pela Uece e Senai. "Quando eles vierem, vamos misturar tudo. Ninguém vai ficar separado".
Em relação ao porte dos empreendimentos planejados pelos investidores, Bezerra afirma que há investimentos de todos os tamanhos. "Hoje, existe uma tendência de que micro unidades solares são preferíveis às grandes. A experiência de Tauá (usina solar da Eneva, de um megawatt e com projeto para ampliação para até 50 MW) tende a não ser mais multiplicado. O que se quer é placa solar pra colocar no teto de uma casa, no prédio de escritório, numa fábrica, na iluminação de vias", esclarece superintendente do CIN.
Aprovados para instalação
Quatro novos empreendimentos de energia solar deverão ser instalados no Ceará. Os empreendedores já formalizaram o interesse por meio da assinatura de protocolos de intenção com Governo do Estado, no ano passado, e têm dois anos para iniciar as obras dos projetos. O valor do investimento dos quatro juntos chega a R$ 807,2 milhões e a geração de empregos poderá chegar a 645 vagas.
Os projetos estão planejados para os municípios de Eusébio, Amontada, São Gonçalo do Amarante e Jaguaribara.
Para estes dois últimos, estão previstos projetos para geração de energia fotovoltaica. Para São Gonçalo do Amarante, a usina deverá contar com recursos de R$ 210 milhões para sua instalação e, para Jaguaribara, a unidade estima um investimento de R$ 550 milhões, o maior entre os quatro projetos.
Ambos os empreendimentos, contudo, têm baixa geração de empregos, sendo dez no primeiro e 25 no segundo. Os outros dois projetos são para construção de fábricas de painéis fotovoltaicos. No do Eusébio, são R$ 19 milhões previstos e a geração de 170 empregos. No de Amontada, R$ 28,2 milhões e 440 postos de trabalho.
Atualmente, o Ceará possui uma usina de geração de energia solar, instalada em Tauá, da empresa Eneva (ex-MPX, de Eike Batista). O empreendimento tem capacidade de produção de um megawatt (MW) e projeção para expandir até 50 MW.
Fundo de incentivo
Com o objetivo de reforçar a cadeia de energia solar no Ceará, o governo estadual planeja rever o seu Fundo de Incentivo à Energia Solar (Fies), que previa incentivos para o setor, mas que não vem sendo utilizado.
O diretor de Atração de Investimento da Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado (Adece), Cláudio Frota, explica que o fundo, nos atuais moldes, cobre a diferença entre o custo da produção da energia solar e do valor pago pelo mercado por essa energia.
"Como o Fies tem pouco recurso e temos uma geração pequena, estamos pensando de uma outra forma: incentivar a pesquisa e os fabricantes de equipamentos para a energia. Se derrubarmos o preço do investimento, o preço da geração cai", explica o diretor da Adece

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