12 de fevereiro de 2014

Conta deve subir 4,6% para cobrir deficit

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pede reajuste de 4,6% nas tarifas, mas decide não incluir as despesas feitas em 2013 com uso de termelétricas.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abriu ontem audiência pública para incluir nas tarifas de energia um aumento de 4,6% que corresponde ao pagamento, em 2014, dos programas socias do governo, como o Luz para Todos e Tarifa Social, voltados para a população de baixa renda.
A Aneel decidiu que não irá incluir na tarifa dos consumidores deste ano as despesas feitas em 2013 com uso de termelétricas. De acordo com relatório da própria agência esses gastos fecharam 2013 em aproximadamente R$ 10 bilhões.
Especialistas estimam um reajuste de 10% sobre as tarifas para compensar o uso das térmicas. O presidente da Câmara Setorial de Energia Eólica do Ceará, Adão Linhares, diz que a conta acabará no bolso do brasileiro. “O consumidor hoje está pagando menos, mas o contribuinte está pagando mais. Se não vem numa conta, virá na outra”, frisa.
Racionamento
Na visão de Linhares, o governo está dando um antitérmico para tirar a febre, mas falta um antibiótico para curar o problema. “É um atropelo de decisões sem planejamento”, observa. Ele cita que, em 2001, os brasileiros aprenderam com o racionamento, mas hoje a população vive um cenário “previsível”. “Percebe-se a alteração do clima (calor), que se estende por mais horas no dia e que, consequentemente, faz a sociedade gastar mais energia com ventiladores e ar condicionados”, ressalta.
O uso da térmica, nas palavras de Linhares, deveria ser utilizado como como um seguro. “E a atenção maior deveria ser dada as hidrelétricas e fontes eólicas”, diz.
O consultor para a área de energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço, também observa que o governo afasta a oportunidade de racionamento por “temer que a sociedade interprete mal a iniciativa”.
“O governo prefere assumir os custos com os recursos dos tesouros, mas quem paga é a gente”, comenta. Os gastos com a térmica são muito altos e ainda ajuda a poluir o ambiente, na opinião do executivo. “O racionamento deveria ser uma medida obrigatória”, enfatiza.

Nenhum comentário: