8 de março de 2012

Copom reduz taxa básica de juros para 9,75% ao ano

A decisão do BC, que não foi unânime, confirmou a expectativa geral dos analistas de uma redução da taxa básica em 0,75 ponto percentual. Essa é a quinta diminuição consecutiva da Selic, desde agosto do ano passado.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu, ontem, pela quinta vez consecutiva, os juros básicos da economia brasileira. A taxa de juros Selic passou de 10,5% para 9,75%, um corte de 0,75 ponto percentual, confirmando as expectativas da maior parte dos analistas. O processo de redução teve início em agosto do ano passado. Com a decisão, a autoridade monetária acelerou o processo de redução da taxa Selic, iniciado em agosto do ano passado. Desde aquele mês, os juros haviam recuado em quatro reuniões consecutivas, na intensidade de 0,5 ponto percentual por encontro. Este é o menor patamar desde meados de 2010. A decisão, porém, não foi unânime. Cinco diretores votaram pelo corte de 0,75 ponto percentual, mas outros dois integrantes do Copom queriam uma redução menor, de 0,5 ponto percentual. Ao fim do encontro, o BC divulgou a seguinte frase: “Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic para 9,75% a.a. (ao ano), sem viés, por cinco votos a favor e dois votos pela redução da taxa Selic em 0,5 p.p”. Para o economista Alex Araújo, o mercado já vinha trabalhando com expectativas de redução na taxa de juros. “Eles deram várias pistas sobre isso”, afirma. Ele explica, no entanto, que o consumidor não deverá sentir os efeitos dessa redução, porque o spread (diferença entre a taxa de juros que pagam na captação do dinheiro e a que cobram dos clientes) das operações de crédito ainda é muito alto. “Esse repasse não é automático e há tanta gordura no spread para a pessoa física, que essa redução acaba não sendo percebida”. Alex Araújo diz que dentre as repercussões positivas da redução da Selic está a influência sobre o câmbio do dólar, já que uma diminuição dos juros pode tornar o país menos atraente ao capital especulativo externo. “Esse desequilíbrio no câmbio, provocado pela especulação internacional, termina impactando na economia real. O Ceará, cuja indústria tem uma base exportadora muito forte, acabou perdendo com o dólar baixo. Para equilibrar isso, o Governo deverá ter uma certa queda de braço com o sistema financeiro, que tem muitos ganhos com a taxa elevada”.

Efeito tardio
O economista Ricardo Coimbra afirma que outro impacto importante da redução da Selic é a obtenção de um custo menor, principalmente, nas operações de curto e médio prazos. Em relação às outras taxas de mercado, como os juros do cartão de crédito e do cheque especial, o efeito somente será sentido daqui a 10 ou 20 anos. “Isso não acontece da noite para o dia. O nosso período de estabilização começou em 1994, quando saímos de um patamar de inflação de 90% ao mês para chegar ao índice de 6% ao ano. Isto é, demoramos quase 20 anos para encontrar esse equilíbrio”, explica.Em relação à taxa de câmbio, ele diz que o governo “não está interferindo para que o dólar suba”. “Mas está agindo para que não caia abaixo do patamar de R$ 1,70”. (Com agências).

Por quê

ENTENDA A NOTÍCIA

Segundo os analistas, a intenção de não deixar o dólar cair abaixo de R$ 1,70 e o desempenho fraco do PIB nacional acabaram estimulando um corte maior na taxa básica. A expectativa geral era por uma redução de 0,5 ponto percentual.

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