21 de abril de 2011

Açude pode romper barragem em Cariré

FOTOS: WILSON GOMES

No açude Filinto Aguiar, o acúmulo de vegetação na sangria do reservatório pode comprometer parede
FOTOS: WILSON GOMES

Com o registro de mais chuvas, reservatórios no Estado sagram e chegam a preocupar moradores de regiões no interior

Cariré A situação do Açude Filinto Aguiar, mais conhecido como "Cabeça do Boi", situado neste Município, na Zona Norte do Estado, está trazendo preocupação para os moradores da localidade de Altos dos Honórios e autoridades da cidade. O açude, com capacidade para armazenar 7 milhões de metros cúbicos de água, está sangrando desde janeiro. Por conta da sangria, o capim que cresceu no meio do reservatório está sendo empurrado para o vertedouro e poderá impedir a passagem da água.

Se isso de fato acontecer, o açude poderá transbordar e a barragem romper. Desde já, a situação causa preocupação aos moradores. "Vamos tentar fazer a retirada do capinzal, antes que aconteça o pior. Caso não seja possível vamos abrir outra sangria para facilitar o escoamento da água", disse o prefeito de Cariré, Antônio Martins, que esteve na manhã do dia 14, juntamente com integrantes da Defesa Civil do Estado e do Corpo de Bombeiros, fazendo uma avaliação da situação. "Em 2009, a situação era praticamente idêntica a que estamos vendo hoje. O capinzal cresceu e teve que ser amarrado para evitar que fosse empurrado para a sangria", disse o agricultor Eduardo Brito. Na operação, foram utilizados seis quilômetros de corda no trabalho.

O agricultor José Valdir Farias, presidente da Associação de Apicultores do Alto dos Honórios, que viu o açude ser construído em 1988, disse que a barragem do reservatório é que mais preocupa. "Estamos fazendo com ajuda da comunidade um roço na parede do açude para facilitar a vistoria", disse José Valdir. A comunidade onde ele mora, Altos Honórios, sofre com a sangria, pois o único acesso à localidade é pelo vertedouro do açude.

Consequências

O "Cabeça do boi" foi construído pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e é administrado pelo Município local. É utilizado para abastecer de água as residências dos moradores de Cariré. Na avaliação do coordenador da Defesa Civil local, Wilson Maranhão, o transbordamento desse açude poderá trazer consequências desagradáveis, como destruição de propriedades rurais, danos nas estradas que cortam a região e inundação na cidade de Sobral, pois o açude está construído acima do Ayres de Souza (Jaibaras), outro importante reservatório que também está sangrando. "A Funceme prevê para esse período um inverno com 40% acima da média. Por isso a nossa grande preocupação com esse reservatório", disse Wilson Maranhão.

Duas bacias hidrográficas formam o complexo de reservatórios monitorados pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), na Zona Norte do Estado. As Bacias do Acaraú e Coreaú juntas formam um conjunto de 22 açudes. O maior deles, o Araras, que faz parte da Bacia do Acaraú, situado na cidade de Varjota, tem capacidade para armazenar 891 milhões de metros cúbicos. Está com 69% de sua capacidade. Seis, dos 13 monitorados, estão sangrando. Na Bacia do Coreaú são nove, sete deles também já ultrapassaram a capacidade máxima. O Itaúna, em Chaval, com capacidade de armazenar 77 milhões de metros cúbicos, também está sangrando.

Ao todo, até o fechamento desta edição, eram 32 açudes sangrando e 13 reservatórios com 90% de sua capacidade. Na Bacia do Alto Jaguaribe, estão acima da cota os açudes Benguê, em Aiuba, Pau Preto, em Potengi, e Valério, na cidade de Altaneira.

Na Bacia do Banabuiú, formado por 18 reservatórios, apenas dois, o Quixeramobim e o São José I, estavam sangrando. O Açude Frios, localizado em Umirim, com capacidade para 33,10 milhões de metros cúbicos, é o único da Bacia do Curu que ultrapassou a cota máxima.

A maioria dos açudes na Bacia do Litoral já começou a sangrar. Este ano, atingiram a cota de sangria os açudes Patos e Santa Maria de Aracatiaçu, em Sobral; Poço Verde e Quandú, em Itapipoca; e São Pedro do Timbaúba, em Miraíma. Mundaú, em Uruburetama, que também faz parte da mesma bacia, estava ontem com 89,54% da capacidade

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