22 de janeiro de 2010

Busca de sobreviventes chega ao fim no Haiti

Outros dois tremores voltam a assustar o país; equipes de resgate se concentrarão na remoção dos corpos das vítimas

Porto Príncipe. Nove dias após o terremoto, as operações de resgate no Haiti estão chegando ao fim, apesar da descoberta de outros sobreviventes no dia seguinte a um poderoso tremor secundário de 6,1 na escala Richter, que voltou a assustar os traumatizados haitianos.
Ontem, outros dois tremores atingiram o país, o maior com magnitude 4,8, conforme medição do Serviço Geológico dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos, que comandam a parte logística, disseram que a fase da busca por sobreviventes será encerrada "muito em breve", para começar os trabalhos de remoção dos corpos e dos escombros da capital arrasada.
De acordo com a ONU, 121 pessoas foram retirados dos escombros desde o terremoto de 12 de janeiro. Porém, as 43 equipes internacionais envolvidas nos resgates, formadas por 1.800 socorristas e 161 cães, sabem que cada dia que passa diminui as chances de encontrar sobreviventes.
Centenas de milhares de haitianos, que vivem em condições de higiene precárias e no temor da violência, continuam aguardando água e alimentos.
O balanço provisório da tragédia continua sendo de 75 mil mortos, 250 mil feridos e um milhão de desabrigados, mas o general Keen disse que trabalha com a possibilidade de 150 a 200 mil mortos. Quase 400 mil habitantes de Porto Príncipe, que tem um milhão de desabrigados, se reuniram em mais de 300 acampamentos improvisados na capital.
Segundo a ministra haitiana do Comércio, Josseline Colion Fehtiere, os bancos do Haiti vão começar a reabrir nos próximos dias, enquanto o governo discute medidas para que a economia local volte a andar.

Ajuda brasileira
Ontem, o presidente Lula assinou medida provisória que repassa R$ 375 milhões para ajudar ao Haiti e para o trabalho das tropas brasileiras naquele país. Do total, R$ 205 milhões serão destinados ao Ministério da Defesa; R$ 135 milhões para a construção de dez unidades de atendimento médico de 24 horas e R$ 35 milhões para o Ministério das Relações Exteriores, para reforço à embaixada brasileira. O presidente também vai enviar ao Congresso projeto para indenizar as famílias dos 18 militares mortos.

GRUPOS DE VOLUNTÁRIOS
Cearenses devem ir ao país
Mais de 300 cearenses já se inscreveram para participar do Comitê Cearense de Solidariedade ao Povo do Haiti, montado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa). O comitê se prepara para o envio de grupos de voluntários para ajudar no socorro das vítimas do terremoto.
Profissionais de diversas áreas participaram, ontem, de uma reunião para obter esclarecimentos sobre o trabalho voluntário. Inicialmente, os profissionais de saúde, como médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, terão prioridade. Sem data prevista para o embarque, dez voluntários já estão com as malas prontas, sendo nove médicos e um tradutor.
O envio do primeiro grupo de voluntários cearenses depende do parecer do Ministério da Saúde, que enviou técnicos ao país para avaliar quais são as carências mais emergenciais, que tipo e qual o número de profissionais deverão ser os primeiros a serem enviados. O grupo chegará ao Haiti num avião da Força Aérea Brasielira (FAB) e ficará instalado num anexo ao hospital de campanha montado ao lado da base brasileira General Bacelar, em Porto Príncipe, capital haitiana.
Cada voluntário só poderá permanecer no Haiti por um prazo máximo de 15 dias e deverá levar seu próprio estoque de alimentos, água e colchonete. "O importante é que tenhamos uma lista de voluntários capacitados e treinados, prontos para a chamada do Ministério da Saúde a qualquer momento", ressaltou o secretário executivo Arruda Bastos, Arruda Bastos, que será o coordenador da missão no Haiti.
O médico, casado e pai de três filhos, Frederico Arnaud, é um dos primeiros da lista de voluntários. Ciente de que será uma missão difícil, o médico, que é Coordenador de Urgência e Emergência da Sesa, afirma que o trabalho voluntário será uma missão de vida, que servirá de exemplo para os filhos. "Minha expectativa é poder ajudar. Como também sou anestesista, espero ajudar de muitas formas", ressaltou.

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