Ao afirmar que até Jesus se fosse candidato no Brasil teria que se aliar a Judas, causou a ira de políticos e religiosos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista concedida do jornal Folha de S.Paulo, declarou que "Se Jesus Cristo viesse para cá e Judas tivesse a votação que teve um partido qualquer, Jesus Cristo teria que chamá-lo para fazer coalizão, porque essa é a composição de forças que tem no Congresso", declarou.
"Pode ser o maior xiita que tiver neste País ou o maior direitista, ele não conseguirá montar o seu governo fora da realidade política. Entre o que você quer e o que você pode fazer tem uma diferença do tamanho do Oceano Atlântico", admitiu Lula, em outro momento da conversa.As declarações mereceram ontem uma enxurrada de críticas, de políticos da oposição e da CNBB.
O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), disse que o petista decidiu verbalizar práticas veladas do governo federal. "Infelizmente, o presidente apenas vocaliza o que no passado não vocalizava. É um governo pragmático que, para garantir sua sustentação, faz aliança até com o pior traidor", afirmou.
O presidente do PPS, Roberto Freire (PE), disse que Lula mostra que tem como prática se aliar a pessoas envolvidas em irregularidades. "A comparação com Jesus Cristo e Judas para quem é católico como ele e cristão, como boa parte da população brasileira, é uma violência para justificar todas as bandalheiras, traições que permitiu que se fizesse em seu governo. Com essa frase ele deixou claro porque ocorreu o mensalão, os aloprados", afirmou.
Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a entrevista de Lula mostra que o presidente não tem limites para tentar eleger Dilma. "Há uma relação de promiscuidade entre o presidente e os partidos que o apoiam. Já não há cuidado com a questão ética que o presidente agora considera irrelevante", disse.
Já o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), afirmou que Lula "perdeu a serenidade" ao defender a aliança a qualquer custo com o PMDB.O secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Dimas Lara Barbosa, rebateu a declaração do presidente Lula sobre a necessidade de fazer alianças.Dom Dimas disse que, apesar de Judas ser um dos discípulos de Cristo, Jesus não fazia alianças com "fariseus" - numa referência a pessoas que parecem uma coisa por fora, mas por dentro são outra.
Ironia
O representante da CNBB ainda ironizou a declaração do presidente. "Para governar o Brasil? Estamos tão mal assim? Queria dizer que, sem dúvida Judas foi discípulo de Cristo, que conhece o coração das pessoas e reconhece a liberdade de cada um.Cristo não fez alianças com fariseus. Pelo contrário, teve palavras duras para com eles. Deus conhece o coração das pessoas", afirmou. Questionado se os fariseus nesse caso poderiam ser representados pelo PMDB, dom Dimas disse que não avalia alianças políticas.
DN
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